sexta-feira, 29 de abril de 2011

Seminário discute preservação da caatinga

O evento teve a participação de vários órgãos e entidades da região
Se pegarmos o calendário para fazer uma breve análise sobre as datas comemorativas vamos perceber que temos uma enorme quantidade de dias em homenagem a pessoas, santos, profissões etc. Muitas dessas datas passam sem sequer serem lembradas. O Dia Nacional da Caatinga (28/ABR) está na contramão da maioria das datas comemorativas, pois é um dia sempre lembrado.

É verdade que não podemos dizer que esse é um dia de festa em homenagem ao bioma,temos muito mais que nos preocupar do que fazer festa. É justamente a preocupação com a situação de degradação da caatinga, que faz órgãos e entidades se reunirem para discutir o tema. Esse é mais um ano que um seminário pauta, no Dia Nacional da Caatinga, a preservação e sustentabilidade desse bioma.

Josefa acredita que a preservação deve partir do sentimento de identidade
Josefa Galdino (gestora ambiental da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente - SEADRUMA/ Juazeiro) diz que “como a caatinga é o bioma exclusivamente brasileiro ele precisa ser discutido para que possa ser preservado”. Para tanto a estratégia utilizada pela organização do evento foi atrair jovens estudantes, especialmente da escola agrotécnica. Segundo Josefa “a maioria dos estudantes presentes no evento são oriundos do interior, principalmente os estudantes da escola agrotécnica. Eles são formadores de opinião. A gente está trazendo eles para esse momento para que eles divulguem junto a sua comunidade”, explica.
Boa parte do público era de estudantes
Identidade – a ideia da organização do evento é que esse tema precisa ser discutido entre os próprios caatingueiros e que haja uma identificação, visto que são essas pessoas estão inseridas nesse bioma, portanto convivem diariamente com as possibilidades e dificuldades da caatinga.
 A gestora ambiental vê com bons olhos o interesse de órgãos como Embrapa e Codevasf em produzir pesquisas e tecnologia apropriadas ao bioma caatinga. Segundo ela, inicialmente “esses órgãos chegaram apenas com a visão da agricultura irrigada, mas hoje já começam enveredar por outro caminho”. De acordo com Josefa a produção de sementes, por exemplo, de culturas adequadas às condições locais deve “diminuir o impacto que a agricultura irrigada, que usa muito agrotóxico, causa ao bioma”.
Mesmo com o trabalho de algumas entidades, a representante da SEADRUMA ainda acha que “a Universidade e os órgãos públicos precisam ‘sair’ dos grandes centros e ir até as localidades, para que haja uma troca de saberes entre o científico e o saber popular para construir um plano que resulte em uma sustentabilidade do bioma caatinga”.
Ela comenta que já existe no Salitre uma área de reserva da caatinga que “vai servir como uma fonte de estudo para que a gente possa conhecer a biodiversidade do bioma caatinga aqui na região do Vale do São Francisco”, revela. Josefa acredita, porém, que a sustentabilidade da caatinga só ocorrerá quando os projetos, programas e boas idéias se transformarem em políticas públicas. Mas é nesse momento que surge um questionamento: só isso seria suficiente?  É sempre bom lembrar que algumas políticas públicas não são levadas a sério e a aplicabilidade fica perdida entre a má vontade e o descaso dos gestores.

SAET conclui construções em Casa Nova

Foram edificadas 270 cisternas de captação de água para consumo humano. Ainda serão construídas 30 de produção.

Casa Nova é o segundo município a alcançar 100% de construções das cisternas para captação de água para consumo humano. Ao todo o Programa Água Para Todos, executado pela, em oito municípios, beneficiou 270 famílias distribuídas em diversas partes do município.
O animador Izael Torres experimenta a bomba da cisterna

O trabalho foi concluído dentro do prazo previsto. Anderson Nascimento, integrante da comissão municipal de Casa Nova, atribui o sucesso das ações ao conjunto das pessoas que auxiliam durante todo o processo. “A gente tem uma comissão municipal que é atuante, temos as famílias que nos ajudam muito nesse processo, temos os animadores das comunidades, temos os agentes comunitários de saúde. Sem essas pessoas provavelmente seria impossível fazer um trabalho bonito como a gente faz em Casa Nova”, relata.
Anderson diz já perceber os sinais de mudança na vida das famílias beneficiadas. “Essas mudanças a gente percebe no olhar, no sorriso de cada família que recebeu a sua cisterna, que agora pode ter uma água boa, uma água limpa, água pura, de qualidade para beber”, constata o colaborador que atua em programas de cisternas há 11 anos.
Alívio – Dona Maria Elias, 75, reside em Lagoas Novas e diz estar aliviada com a conquista do reservatório. “Para mim foi o maior prazer que já tive em minha vida. Não sou muito sadia ‘num sabe’, sabe? Eu não aguentava mais carregar água na cabeça”, explica.

Trabalho final – para dar como completo o processo de construção de cisternas de captação da água para consumo humano a equipe da SAET ainda precisa visitar as famílias para fixar as placas das cisternas, fotografá-las e coletar as assinaturas nos termos recebimento.
Cisternas de produção – Casa Nova ainda terá a construção de 30 cisternas de 50 mil litros –para captação de água para produção de alimentos, o que deverá acontecer na terceira etapa do projeto, prevista para setembro.
Campo Alegre de Lourdes – o município que foi o primeiro a ter as cisternas construídas deve terminar a fase de emplacamento e fotografia até a próxima sexta (06). Nesse projeto Campo Alegre de Lourdes não terá a construção de cisternas de produção.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Famílias de Sobradinho participam de capacitação em GRH

O curso é o terceiro de quatro que serão realizados com as famílias do município

O município de Sobradinho está realizando sua terceira capacitação de Gerenciamento de Recursos Hídricos com as famílias que receberão as cisternas de captação de água para consumo humano. O evento é o penúltimo de uma jornada de formações que foram realizadas no município durante este mês.

Misael, monitor de GRH, anima os participantes

A terceira capacitação que reúne as famílias das comunidades como Fonte de Vida, Chapadinha, Brejo de Fora e Poço do Angico iniciou ontem (12) e segue hoje com o objetivo de conscientizar as famílias da importância de ter água limpa e própria para o consumo perto de casa. Para Cleidjane Marques, 28, moradora da comunidade Tatauí II, “é bom aprender como cuidar bem da água”. O pensamento dela é semelhante ao de Seu Nezinho da comunidade Fonte de Vida, o mesmo explica que “a gente tem que zelar a cisterna como se fosse a nossa família. Por que isso é saúde, é vida”, comenta.
Liberdade – Seu Erivelton Rosa, 53, morador do Sítio Pedra Mole enxerga a cisterna como uma possibilidade de libertação do sistema de compra de votos, conhecido como indústria da seca. “A maior massa política usa das artimanhas, de oportunismo para aproveitar o pequeno, o humilde, que sabe que é carente, que sabe que ele é necessitado e aí ele [o mau político] usa essa necessidade como arma para obter o voto, para sempre continuar no poder, ter o eleitor preso a ele”, denuncia o beneficiário do programa de cisternas. De acordo com Erivelton, a cisterna é tida como o início de um processo de libertação.

Iara Campos socializa o trabalho de seu grupo

Destaque – Com apenas 12 anos a pequena Iara Campos se destacou entre os participantes do curso por sua personalidade, disposição e consciência crítica. Ela mora com a família na comunidade Fonte de Vida, a qual é abastecida por um canal, contudo a água é imprópria para o consumo humano. Às vezes Iara e a família tem que passar dias na Sede do município por conta da falta de água na comunidade onde reside.
Ela explica que sua família solicita à prefeitura do município o abastecimento através de carro-pipa, mas nem sempre são atendidos e alguns pedidos levam muito tempo para serem atendidos. Com isso a família é obrigada a passar dias em Sobradinho.
Mesmo assim Iara diz não se acostumar com a vida na cidade e prefere a zona rural. ”Lá é melhor, é divertido, lá não é um lugar fechado. Lá já tem as plantas, já tá plantada acerola, goiaba.
Orgulho – A dona Maria das Graças, 65, moradora de Brejo de Fora deixa explícito um orgulho enorme de morar no semiárido. “Nós vivemos no Brejo [Brejo de Fora] uma vida muito bonita. Nós temos uma média de 300 casas no Povoado e nós temos uma convivência como se todos fossem irmãos. Nós dormimos de porta aberta, nós temos confiança no meu vizinho, nas pessoas que moram, que residem lá. A gente se sente muito feliz por que a gente tem uma vida muita tranqüila”,conclui.