quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Projeto Cisterna realiza exposição em Juazeiro



O Projeto Cisternas realiza no dia 26 (quinta) a abertura da exposição fotográfica “Novo Olhar Sertão”.  A exposição é composta por diversas imagens capturadas pela equipe (animadores, colaboradores e comunicador) da SAET – Sociedade de Ações Educativas Sociais e Tecnológicas, durante o período de um ano e quatro meses – tempo em que foi executado o projeto.

As fotografias têm como foco o modo de vida do povo sertanejo na região. As pessoas, os animais, as paisagens fazem parte do dia a dia dos “fotógrafos” que, em sua maioria, nunca passaram por qualquer tipo de curso de fotografia.

As imagens ficarão expostas até o dia 24/FEV e a visitação é aberta ao público.


Abertura da Exposição

Local: Centro de Cultura João Gilberto
Data: 26/JAN
Horário: 20h

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

SAET realiza intercâmbio no Território Irecê


Seu Eudes fala aos visitantes
 Quarenta agricultores beneficiados pelo Projeto Cisternas da SAET (Sociedade de Ações Educativas Sociais e Tecnológicas) participaram nos dias 11 e 12 de um intercâmbio de agricultores, realizado em comunidades dos municípios de Central e Barro Alto localizados no Território de Identidade Irecê.
O intercâmbio é mais uma das atividades de formação proporcionadas pelo projeto que construiu em pouco mais de um ano 1.810 cisternas de placa, sendo 190 de captação de água para produção de alimentos.
Todos os participantes da atividade são agricultores que, recentemente, receberam a cisterna de 50 mil litros através de um convênio entre a SAET/ASA (Articulação no Semi-Árido) com o Governo do Estado da Bahia e Governo Federal.
Na visita os agricultores conheceram duas experiências de produção no semiárido e várias atividades diferentes, que visam o fortalecimento dos animais através de alimentação adequada e do uso racional da água.
A primeira experiência visitada foi a de seu Eudes de Souza, que desenvolve em sua propriedade várias atividades de plantio, desde legumes a plantas nativas da caatinga. O agricultor mantém uma área grande de mata virgem e dentro desse espaço ele cultiva frutas, legumes e plantas medicinais.
Entre essas plantas está a noni, que segundo seu Eudes é utilizada no tratamento de várias doenças, inclusive câncer de próstata e osteoporose.  
Para irrigar as plantas seu Eudes usa água de um poço que tem uma vazão de 13 mil litros por hora. Isso é uma quantidade muito grande de água, que seu Eudes diz não usar totalmente. “Eu não faço inundação, faço molhação. Essa molhação é o suficiente para as plantas sobreviverem. Eu não quero fazer inundação por que o meu vizinho precisa também e quando eu não exploro essa água sobra pra alguém e se alguém lá não fizer o certo eu não tenho culpa”, justifica.
A segunda experiência visitada foi a que rendeu ao CAA (Centro de Assessoria do Assuruá) o prêmio de Tecnologias Sociais, da Fundação Banco do Brasil.


O professor Renato explica o projeto ao grupo de visitantes
 Na comunidade de Boi de Hermano no município de Central os agricultores viram de perto o resultado das atividades do Projeto Cisternas nas Escolas. O professor Renato Pereira, responsável pelo projeto na comunidade, mostrou aos visitantes a bela horta que junto aos alunos e vizinhos cultiva no terreno cheio de rochas, localizado nos fundos da escola daquele povoado.
O cultivo dos vegetais deve-se ao armazenamento da água da chuva – numa cisterna de 50 mil litros – e ao empenho da comunidade que atua diretamente no projeto. Segundo o professor, a produção realizada nos canteiros é suficiente para alimentar as crianças durante todo o ano letivo.
Avaliação – Mauro Macêdo, coordenador da SAET, avaliou como positiva a atividade, principalmente pela interatividade que aconteceu entre os agricultores visitantes (advindos de Sobradinho e Casa Nova) e os anfitriões. “O objetivo é justamente interagir com pessoas que desenvolvem alternativas viáveis para o semiárido. O intercâmbio também anima o nosso povo para adotar tecnologias que possibilitam a convivência com o semiárido, além de conhecer as atividades de outra organização e ver o quanto esse trabalho é bem gerenciado”, explica o coordenador do projeto na SAET.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Artigo: Eu acredito em ONG, por Paulo Betti

 
 
Por Paulo Betti
 
Amigos, escrevo esse texto com o respaldo de quem preside uma ONG (Organização Não Governamental) há vinte anos. Essa instituição foi criada em parceria com um grupo de amigos - atores e produtores – e se chama Casa da Gávea.  Fui seu primeiro presidente, mas logo fui substituído pelo ator José Wilker, pois tive que usufruir de uma bolsa de estudos fora do país. Ao retornar ao Brasil assumi novamente o posto de presidente. No início, éramos dez sócios fundadores, mas, atualmente, somos quatro. O contexto se assemelha ao romance da Sra. Maria José Duprê, que virou novela com o inesquecível Gianfrancesco Guarnieri: “Éramos Seis”. O “bom” é que, desses dez sócios, nenhum foi para o “andar de cima”, como diz Miguel Fallabella...
 
A primeira ONG que eu conheci foi a Associação Beneficente Espírita Bom Jesus do Bonfim da Água Vermelha, fundada pelo grande João de Camargo, em 1921. Acredito que nem ele sabia o que era uma ONG, mas acabara de criar uma, sem dúvida. A Associação tinha até um livrinho como estatuto.
 
Há vinte anos não era moda falar mal de ONGs. Quem poderia ter alguma coisa contra o Banco de Olhos? Ou a AMAS? Que cuida dos autistas em Sorocaba/SP. Hoje, infelizmente, existe associação dessa atividade, idealizada, muitas vezes, por gente de bem, com boas intenções e, de maneira voluntária, ao que existe de pior. E, por isso, meu desejo de defender a ONG que presido. Mesmo ela não estando sob nenhum ataque direto, acho necessário uma defesa da Casa da Gávea e também das ONGs em geral, tão vilipendiadas nesse momento.
 
Não foi à toa que éramos dez e hoje somos quatro. É difícil conviver, fazer junto, fazer para os outros, para o coletivo, para a cidade, para a comunidade. É claro que muitas vezes nos abatemos com dúvidas hamletianas: para que serve a Casa? Alguns amigos a chamam de “causa”. Para que esse trabalho todo para mantê-la funcionando? Por que não ficar só com um escritório para tocar nossas produções? Por que fazer funcionar uma sala experimental? Para que uma rádio e uma TVWeb? Cursos, leituras de textos, shows musicais? Temos muitas outras questões, as mais corriqueiras e as mais metafísicas. Não vou aborrecê-los enumerando-as. E, mesmo assim, não nos deixamos abater pelo cinismo e pela indiferença.
 
A Casa da Gávea é uma associação cultural sem fins lucrativos que tem como objetivo difundir o estudo e a reflexão sobre o teatro, o cinema, a televisão, o rádio, o livro, a música e tantas outras questões de nossa cultura. É mais ou menos assim que está escrito no nosso Estatuto, registrado em cartório. E é o que temos tentado fazer com o maior empenho nesses anos todos. O mais difícil é enfrentar a burocracia para continuar existindo nesse clima de denúncias e desconfiança.
 
Outro dia, com um projeto aprovado, tivemos que provar que existíamos. Está certo, foram encontradas muitas ONGs fantasmas. Mas nossa porta está aberta todos os dias no Baixo Gávea. Mas isso não bastava. Tivemos que conseguir um ofício do Ministério da Cultura provando que existíamos. Não é fácil obter recursos para manter as portas abertas, pagar as contas e continuar “tocando o barco”. Mas, estamos ali naquela esquina do Baixo Gávea, com a nossa parte da fachada restaurada, a de cima.
 
Procuramos manter a dignidade de um centro cultural. Um espaço democrático. Falei da Casa da Gávea para chegar ao que quero contar nessas poucas linhas: outro dia fui apresentar o Prêmio da Fundação Banco do Brasil, que reconhece projetos de acordo com os critérios das Tecnologias Sociais. Fui contratado para ser o mestre de cerimônias da premiação, em Brasília. Faço esse tipo de trabalho, de vez em quando. Cheguei bem antes da hora da entrega dos prêmios e pude participar de um almoço com os finalistas. Reforcei minha crença na importância do papel que as ONGs desempenham no Brasil de hoje. Olhem alguns dos projetos finalistas desse Prêmio e compreenderão porque defendo as ONGs:
 
Banco Comunitário Muiraquitã – Lixo transformado em inclusão digital. Inclusão digital da Amazônia – ÍNDIA – Santarém/ PA.
Tarumã Vida: do Carvão às Tecnologias Sociais – Associação Agrícola do Ramal do Pau Rosa –ASSAGRIR – Manaus/ AM.
Oficinas de Artesanato e Construção de Identidade - Fundação Parque Tecnológico Itaipu - Foz do Iguaçu/ PR.
Ecos do Bem: Educação Ambiental no Território do Bem – Associação Ateliê de Idéias – Vitória/ES.
Fazendo Minha Historia – Associação Fazendo História - São Paulo/ SP.
Jovem Empreendedor: Idéias Renascendo em Negócios – Acreditar - Glória do Goitá/ PE.
 
Vou parar por aqui, são muitas. Mas gostaria que você, leitor, aproveitasse para refletir sobre seu “preconceito” contra as ONGs, caso tenha sido influenciado pela propaganda maciça contra essas instituições, veiculada, diariamente, nos meios de comunicação. Visite o site http://www.fundacaobancodobrasil.org.br/ e veja os projetos vencedores. Use, divulgue e aproveite! O Brasil tem solução, crie você também uma ONG, participe! Acredite!
 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

SAET realiza o segundo intercâmbio

O terceiro e último deve ser realizado em Irecê, com a parceria do CAA

Foi no aconchego da sombra do cajueiro que dona Gracinha recepcionou os visitantes

A SAET realizou no município de Remanso-BA o segundo intercâmbio de agricultoras/es do Projeto Cisternas. O objetivo da atividade é mostrar aos visitantes bons exemplos de manejo de animais e produção de alimentos a partir do armazenamento da água de chuva.

Os beneficiários, advindos de povoados em Curaçá e Sento Sé, visitaram a experiência de Dona Gracinha, 50 anos, que na companhia do esposo consegue produzir alimento para a família e ainda para comercialização. Para tanto ela faz de seu sítio um lugar muito organizado, preparado nos mínimos detalhes para garantir o alimento para os animais. Assim dona Gracinha – como é conhecida a agricultora – tem certeza que também conseguirá garantir a alimentação da família.

“A gente tem um plantio de palma, leucena, mandioca, milho, sorgo, tem um pouco de gliricidia, andu, melancia de cavalo...”, revela a agricultora. Ela diz que faz um trabalho de armazenamento que garante alimento animal por todo período de estiagem. “Tanto o milho, como a gliricidia, a leucena a gente faz o feno e o silo. A gente aproveita tudo. A gente junta pra quando for na seca dá para os animais. Inclusive, ainda hoje ainda tem. Todo ano vem sobrando. Esse ano foi um ano que eu não comprei ração”, conta dona Gracinha.

Com o esquema montado para fortalecimento da criação dona Gracinha consegue criar uma variedade de animais: ovelhas, bodes, galinha, porco, pato e, mesmo que poucas, algumas cabeças de gado. 

Recentemente ela tem buscado mais uma alternativa para a geração de renda: a apicultura. Segundo ela, a família ainda se dedica pouco a essa atividade. Mesmo assim ela faz questão de exibir uma isca para captura de enxames. “A gente pega o capim santo, a erva cidreira e o própolis da abelha e coloca no álcool para curtir. Quando a gente vai pegar a abelha a gente coloca um pouco na cera. Ao invés de comprar a gente mesmo fabrica”, explica. 

Ela também fabrica iodo caseiro. “Eu coloco as raspas de jurema, aroeira, umburana de abelha, ameixa, jacurutu, tudo dentro do álcool e coloco pra curtir”, detalha. Essa mistura é utilizada para curar ferimentos em animais.

Horta – Em outro espaço de produção dona Gracinha cultiva legumes, verduras e frutas. A produção é bastante diversificada, o que garante uma alimentação equilibrada para a família e para alguns vizinhos, haja vista a comercialização do excedente.