segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Agricultores do Água Para Todos participam de intercâmbio em Uauá

Os visitantes conheceram o Sítio Belo Monte e a COOPERCUC


Com um sorriso no rosto e exaltando a Deus: assim seu Isaias recepcionou os visitantes


Conhecer as várias experimentações de Seu Isaias Ribeiro e o modelo de produção e geração de renda da COOPERCUC. Esses foram os principais motivos que levaram cerca de 40 agricultores e agricultoras do Projeto Água Para Todos até o município de Uauá – BA.
O grupo atendido pelo projeto de cisternas da SAET (cisternas de produção) teve a oportunidade de conhecer de perto o trabalho de seu Isaias, um dos agricultores experimentadores mais conhecidos do semiárido.
Recebidos com um caloroso sorriso do anfitrião, os visitantes percorreram boa parte do Sítio Belo Monte, observando os detalhes que fazem do lugar um exemplo de convivência com o semiárido.
Na área de manejo dos caprinos seu Isaias destacou a importância da limpeza diária do espaço, para que o animal não fique em contato com as fezes e a urina.
Nesta área o produtor apresentou também o tronquinho – local onde ele faz o tratamento dos animais doentes –, o depósito coberto – onde é estocada a alimentação para a criação –, o aprisco suspenso – onde os animais passam a noite em períodos chuvosos – e o espaço para ordenha – que ainda não está terminado, mas que seu Isaias apresenta com satisfação e esperança de que em breve conseguirá concluir a construção.
Participantes do intercâmbio conhecem a barragem subterrânea
Seguindo a caminhada pelo sítio, seu Isaias mostrou a todos um dos motivos que tem lhe proporcionado alegria: a barragem subterrânea. A tecnologia foi implantada no sítio recentemente, mas seu Isaias já espera ansioso pelas primeiras chuvas, que vão irrigar aquelas terras. “Ai meu Deus, eu tenho fé de que logo vou ver tudo isso aqui encharcado”, diz o agricultor olhando para o céu, num gesto que se assemelha a uma  prece, abrindo os braços, dando ideia de imensidão daquela área.
Destaque – Wilson Ribeiro tem 62 anos, é agricultor e mora na comunidade de Alagoinhas em Pilão Arcado – BA. Ele destaca a criação de caprinos de seu Isaias: “ele apresentou as pastagens, como ele cuidava da criação do bode, das cabras leiteiras, como é que ele cuida delas. É bem cuidado!"
Seu Isaias explica como será a ordenha em seu sítio
Seu Wilson ficou admirado com a preocupação que seu Isaias tem com a higiene do local onde será realizada a ordenha. Empolgado, seu Wilson garante: “aquilo que me chamou a atenção na comunidade de seu Isaias eu pretendo passar para os companheiros nas comunidades onde eu andar”
Visita a COOPERCUC – No segundo dia de viagem os visitantes foram a até a sede da Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá e tiveram a oportunidade de conhecer as instalações, os produtos e um pouco da realidade vivenciada pelas famílias que compõem a cooperativa.

Jucemar explicou cada passo do beneficiamento das frutas

Jucemar Cordeiro, representante comercial, foi o responsável por relatar um pouco da história de trabalho da instituição. Ele afirma que “a cooperativa foi uma necessidade, uma exigência do mercado”. Segundo ele, o beneficiamento de frutas já acontecia nas cozinhas das famílias de Uauá. Porém, para marcar a entrada dos artigos nos supermercados era preciso ter um produto legalizado, o que requisitou a organização dos produtores em uma cooperativa.

Veja algumas das experimentações de seu Isaias:
Cisternas – O sítio tem duas cisternas de captação de água para consumo humano e uma de água para produção, porém, esta última está furada. Seu Isaias diz que logo vai fazer o reparo.
Reservatório de 3 mil litros – Recentemente foi obtida uma caixa d’água de fibras. Segundo seu Isaias, aquele recipiente será mais uma alternativa para manter a plantação irrigada, mesmo no período de estiagem.
Barragem subterrânea – a tecnologia foi implantada recentemente, mas na área já foram plantadas algumas árvores frutíferas (manga, maracujá, graviola), além de outras plantas para alimentação da família e animais.
Caxio – são três caxios na propriedade que armazenam água para uso doméstico (lavar pratos, roupas, tomar banho etc.) e alimentação animal.
Cacimba – essa é mais uma forma de armazenar água para irrigação e alimentação animal.
Área para ordenha – está em construção um espaço para ordenha. Seu Isaias conta que o projeto é fazer tudo higienicamente correto.  O piso, por exemplo, deve ser revestido de cerâmica antiderrapante, o que deverá facilitar a limpeza.
Área para tratamento de animais – neste espaço os animais são tratados. Ele chama de tronquinho, uma referência ao tronco onde os negros ficavam presos.
Maternidade – os animais que estão prenhes são colocados separados dos demais, para que não sofram agressões.
Depósito coberto – na área de dormida dos animais há um espaço para depósito de alimentação para os animais.
Aprisco suspenso – os “aposentos” de bodes e cabras é planejado para evitar o contato dos animais com as fezes e urina produzidas durante a noite. Esse espaço é coberto e é utilizado em tempo de chuva. Nos tempos de estiagem os animais ficam na área descoberta, mas seu Isaias deixa claro: “o chão tem que ‘tá’ sempre limpo”. O adubo recolhido é disposto em lugares onde em breve receberão plantações.
Plantio de palma doce – na propriedade existem áreas de plantio de palma doce. Segundo seu Isaias essa variedade está pronta para ser cortada e servida aos animais em até nove meses, mesmo sem chuvas. Ele diz que, para chegar a esse estágio, a outra variedade que cultiva leva um ano e seis meses, portanto, o dobro de tempo.
Adubação da terra – para adubar a terra os animais são colocados para pastar em locais planejados. Após certo período os animais já comeram a vegetação da área, porém deixaram a terra adubada. Quando os animais são retirados, seu Isaias faz o preparo da terra para o plantio.
Cultivo rotativo – as áreas de cultivo recebem espécies diferentes a cada plantio. Além disso, há sempre um tempo dado para “descanso da terra”.
Plantio de capim para combate a erosão – seu Isaias mantém um plantio de capim para reduzir a erosão nos locais onde passam os riachos, na época das chuvas.
Cerca vegetal – Em boa parte das cercas da propriedade encontramos macambiras, plantadas estrategicamente para impedir o avanço de animais de médio porte. Sobre a cerca ele diz que lembrou de Antônio Conselheiro e seus seguidores. “Quando a força (exército) chegava, eles (povo de Canudos) corriam para o lugar onde tinha macambira”, explica seu Isaias. De acordo com o agricultor essa vegetação impede o avanço de invasores como a raposa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário