O evento teve a participação de vários órgãos e entidades da região |
Se pegarmos o calendário para fazer uma breve análise sobre as datas comemorativas vamos perceber que temos uma enorme quantidade de dias em homenagem a pessoas, santos, profissões etc. Muitas dessas datas passam sem sequer serem lembradas. O Dia Nacional da Caatinga (28/ABR) está na contramão da maioria das datas comemorativas, pois é um dia sempre lembrado.
É verdade que não podemos dizer que esse é um dia de festa em homenagem ao bioma,temos muito mais que nos preocupar do que fazer festa. É justamente a preocupação com a situação de degradação da caatinga, que faz órgãos e entidades se reunirem para discutir o tema. Esse é mais um ano que um seminário pauta, no Dia Nacional da Caatinga, a preservação e sustentabilidade desse bioma.
Josefa acredita que a preservação deve partir do sentimento de identidade |
Josefa Galdino (gestora ambiental da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente - SEADRUMA/ Juazeiro) diz que “como a caatinga é o bioma exclusivamente brasileiro ele precisa ser discutido para que possa ser preservado”. Para tanto a estratégia utilizada pela organização do evento foi atrair jovens estudantes, especialmente da escola agrotécnica. Segundo Josefa “a maioria dos estudantes presentes no evento são oriundos do interior, principalmente os estudantes da escola agrotécnica. Eles são formadores de opinião. A gente está trazendo eles para esse momento para que eles divulguem junto a sua comunidade”, explica.
Boa parte do público era de estudantes |
Identidade – a ideia da organização do evento é que esse tema precisa ser discutido entre os próprios caatingueiros e que haja uma identificação, visto que são essas pessoas estão inseridas nesse bioma, portanto convivem diariamente com as possibilidades e dificuldades da caatinga.
A gestora ambiental vê com bons olhos o interesse de órgãos como Embrapa e Codevasf em produzir pesquisas e tecnologia apropriadas ao bioma caatinga. Segundo ela, inicialmente “esses órgãos chegaram apenas com a visão da agricultura irrigada, mas hoje já começam enveredar por outro caminho”. De acordo com Josefa a produção de sementes, por exemplo, de culturas adequadas às condições locais deve “diminuir o impacto que a agricultura irrigada, que usa muito agrotóxico, causa ao bioma”.
Mesmo com o trabalho de algumas entidades, a representante da SEADRUMA ainda acha que “a Universidade e os órgãos públicos precisam ‘sair’ dos grandes centros e ir até as localidades, para que haja uma troca de saberes entre o científico e o saber popular para construir um plano que resulte em uma sustentabilidade do bioma caatinga”.
Ela comenta que já existe no Salitre uma área de reserva da caatinga que “vai servir como uma fonte de estudo para que a gente possa conhecer a biodiversidade do bioma caatinga aqui na região do Vale do São Francisco”, revela. Josefa acredita, porém, que a sustentabilidade da caatinga só ocorrerá quando os projetos, programas e boas idéias se transformarem em políticas públicas. Mas é nesse momento que surge um questionamento: só isso seria suficiente? É sempre bom lembrar que algumas políticas públicas não são levadas a sério e a aplicabilidade fica perdida entre a má vontade e o descaso dos gestores.