Por Adriana Delorenzo [30.01.2012 19h47]
Levar
água ao Semiárido brasileiro com a mobilização da população. Com esse
objetivo, foi apresentado, na sexta, 27, o compromisso de construir 60
mil cisternas, entre a Fundação Banco do Brasil e o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), durante o Fórum Social
Temático de Porto Alegre (foto).
Trata-se de uma tecnologia social criada
na própria região e consiste na construção de um reservatório que capta
até 16 mil litros de águas da chuva pelo telhado das casas. Por meio de
edital, a FBB contratará entidades da sociedade civil que farão a
reaplicação da tecnologia social, que envolve: a mobilização das
famílias, a capacitação de comissões municipais e mão de obra, bem como o
debate sobre como gerenciar os recursos hídricos e a aquisição de
matéria-prima local fomentando a economia regional.
Esses são alguns dos preceitos básicos de uma tecnologia social, que, como destacou o presidente da FBB, Jorge Streit, tem uma lógica diferente da tecnologia convencional. Esta, segundo ele, busca gerar mercados, enquanto a social envolve a comunidade e cria soluções, como a geração de renda e segurança alimentar. No caso das cisternas, o foco é acabar com o problema da falta de água, que ainda hoje, afeta milhares de famílias.
Apesar de o Brasil ser conhecido como um país com abundância de recursos hídricos, os anos de falta de políticas e a desigualdade fazem com que o Semiárido concentre a maior parte dos brasileiros que têm sede. Na região, também chamada de Sertão, vivem mais da metade da população pobre do país (58%), de acordo com o Ministério da Integração Nacional. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, de 2007, mostrava que 67% das famílias rurais dessa parte do Brasil não possuíam acesso à rede de abastecimento de água.
“A falta de água para beber é a face mais dura da pobreza, mais severa”, disse a ministra Tereza Campello. Ela defendeu que a reaplicação dessa TS ocorra de forma acelerada. Esse, de acordo com a ministra, é um objetivo do governo federal. Até 2013, a meta é que 750 mil cisternas estejam construídas. Segundo Tereza, nos oito anos de governo Lula foram implantadas cerca de 400 mil, com uma média de 40 mil por ano. Somente em 2011, foram construídas 84 mil, como parte do programa “Água para todos”. Conforme Tereza, das 750 mil cisternas, apenas 60 mil serão de polietileno. Ela ainda afirmou que será mantido o modelo implantado pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), “que inclui a discussão com a comunidade e a valorização do desenvolvimento local”. Para ela, o objetivo do programa é ganhar escala, porque quem não tem água não pode esperar.
No evento, Tereza destacou que a questão da pobreza deve ser vista não somente pela falta de renda, mas pela ausência de água e de outros serviços públicos. Para a FBB, as tecnologias sociais podem ser uma estratégia para superar a pobreza. A instituição investe nessas iniciativas, como disse Streit, temas considerados contra-hegemônicos, como a economia solidária e a agroecologia. “As TS precisam entrar nas políticas públicas e nos financiamentos bancários”, disse.
Segundo explicou o professor da Universidade de Brasília, Ricardo Neder, a tecnologia social é capaz de “dar respostas às necessidades sociais de forma sustentável”. Para ele, é preciso ampliar a percepção da comunidade científica e das universidades a respeito das TS. O conceito de TS utilizado pela Fundação considera quatro dimensões: protagonismo social, solidariedade econômica, cuidado ambiental e respeito cultural.
A tecnologia social das cisternas de placas foi certificada pelo Prêmio da FBB em 2001, e desde então vem sendo intensamente reaplicada pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), parceira nessa iniciativa. Na última quinta-feira, 26, o MDS e a ASA firmaram dois novos Termos de Parcerias, dando continuidade ao trabalho realizado com a sociedade civil. Serão repassados R$ 138.750.000,00 para ações de mobilização e capacitação de famílias agricultoras e construção de tecnologias sociais de armazenamento de água para consumo humano, produção de alimentos e criação animal.
Agroecologia no Rio Grande do Sul
Durante o evento no Fórum Social, a FBB anunciou ainda que financiará a tecnologia social Produção Agroecológica Integrada Sustentável (Pais) como parte do programa do Rio Grande do Sul Mais Igual. Já existem 250 unidades no estado, e, agora, serão instaladas novas unidades para atender 6 mil famílias. Segundo Jorge Streit, já há resultados positivos do programa no RS, com muitas famílias passando da produção fumageira para a agroecologia.
Esses são alguns dos preceitos básicos de uma tecnologia social, que, como destacou o presidente da FBB, Jorge Streit, tem uma lógica diferente da tecnologia convencional. Esta, segundo ele, busca gerar mercados, enquanto a social envolve a comunidade e cria soluções, como a geração de renda e segurança alimentar. No caso das cisternas, o foco é acabar com o problema da falta de água, que ainda hoje, afeta milhares de famílias.
Apesar de o Brasil ser conhecido como um país com abundância de recursos hídricos, os anos de falta de políticas e a desigualdade fazem com que o Semiárido concentre a maior parte dos brasileiros que têm sede. Na região, também chamada de Sertão, vivem mais da metade da população pobre do país (58%), de acordo com o Ministério da Integração Nacional. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, de 2007, mostrava que 67% das famílias rurais dessa parte do Brasil não possuíam acesso à rede de abastecimento de água.
“A falta de água para beber é a face mais dura da pobreza, mais severa”, disse a ministra Tereza Campello. Ela defendeu que a reaplicação dessa TS ocorra de forma acelerada. Esse, de acordo com a ministra, é um objetivo do governo federal. Até 2013, a meta é que 750 mil cisternas estejam construídas. Segundo Tereza, nos oito anos de governo Lula foram implantadas cerca de 400 mil, com uma média de 40 mil por ano. Somente em 2011, foram construídas 84 mil, como parte do programa “Água para todos”. Conforme Tereza, das 750 mil cisternas, apenas 60 mil serão de polietileno. Ela ainda afirmou que será mantido o modelo implantado pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), “que inclui a discussão com a comunidade e a valorização do desenvolvimento local”. Para ela, o objetivo do programa é ganhar escala, porque quem não tem água não pode esperar.
No evento, Tereza destacou que a questão da pobreza deve ser vista não somente pela falta de renda, mas pela ausência de água e de outros serviços públicos. Para a FBB, as tecnologias sociais podem ser uma estratégia para superar a pobreza. A instituição investe nessas iniciativas, como disse Streit, temas considerados contra-hegemônicos, como a economia solidária e a agroecologia. “As TS precisam entrar nas políticas públicas e nos financiamentos bancários”, disse.
Segundo explicou o professor da Universidade de Brasília, Ricardo Neder, a tecnologia social é capaz de “dar respostas às necessidades sociais de forma sustentável”. Para ele, é preciso ampliar a percepção da comunidade científica e das universidades a respeito das TS. O conceito de TS utilizado pela Fundação considera quatro dimensões: protagonismo social, solidariedade econômica, cuidado ambiental e respeito cultural.
A tecnologia social das cisternas de placas foi certificada pelo Prêmio da FBB em 2001, e desde então vem sendo intensamente reaplicada pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), parceira nessa iniciativa. Na última quinta-feira, 26, o MDS e a ASA firmaram dois novos Termos de Parcerias, dando continuidade ao trabalho realizado com a sociedade civil. Serão repassados R$ 138.750.000,00 para ações de mobilização e capacitação de famílias agricultoras e construção de tecnologias sociais de armazenamento de água para consumo humano, produção de alimentos e criação animal.
Agroecologia no Rio Grande do Sul
Durante o evento no Fórum Social, a FBB anunciou ainda que financiará a tecnologia social Produção Agroecológica Integrada Sustentável (Pais) como parte do programa do Rio Grande do Sul Mais Igual. Já existem 250 unidades no estado, e, agora, serão instaladas novas unidades para atender 6 mil famílias. Segundo Jorge Streit, já há resultados positivos do programa no RS, com muitas famílias passando da produção fumageira para a agroecologia.
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