quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Casa Nova recebe curso de produção em canteiros econômicos



Famílias aprendem na prática a construção do canteiro econômico

A comunidade de Veredão dos Meireles, a setenta quilômetros de Casa Nova, foi o local escolhido para reunir as famílias a serem capacitadas em produção nos canteiros econômicos. Essa etapa de formação faz parte do Projeto Cisternas da SAET (Sociedade de Ações Educativas Sociais e Tecnológicas)/ASA (Articulação no Semi-Árido Brasileiro) em parceria com o Governo do Estado e Governo Federal.

A capacitação é realizada para todas as trinta famílias que receberam a cisterna de captação de água para a produção de alimentos. O objetivo é apresentar o potencial de produção com a água da cisterna, quando esta é utilizada da forma correta. “Tem que saber usar a água da cisterna. Outro dia o coordenador (Mauro Macêdo) visitou um agricultor em Pilão Arcado que está produzindo beterraba, couve, coentro... Tudo isso com água da cisterna”, relata Anderson Fabiano, animador de comunidade da SAET.

Um das principais atividades do curso é a montagem do canteiro econômico, que tem o piso forrado por uma lona para evitar o escoamento da água. O líquido chega através de um cano enterrado, o qual leva a água diretamente para as raízes, evitando assim a evaporação.

Além de pautar o cuidado no uso da água para evitar desperdício, o curso também apresenta outras ideias de convivência com o semiárido. Os agricultores aprendem, por exemplo, quais são os animais mais viáveis para criar no semiárido, tendo em vista o consumo de água e ainda aprendem a fazer um composto natural utilizado como defensivo contra pragas comuns a região semiárida.

Seu Luiz Carlos, que disponibilizou sua residência para aplicação do curso, diz que “Algo que chamou atenção foi o sistema da gente ter o veneno [defensivo] orgânico, fiquei muito satisfeito de a gente saber que vamos ter uma produção orgânica, que a gente não vai utilizar agrotóxico. A minha admiração é que a gente vai fabricar o defensivo na nossa própria comunidade”, explica entusiasmado.


Orgulho: beneficiária exibe produção irrigada com água da cisterna
Produção iniciada – Em Casa Nova as cisternas foram construídas em julho e a maioria já acumulou água. “A cisterna já encheu, já sangrou duas vezes e a previsão é que vai chover mais para a gente continuar o trabalho”, conta o agricultor Bartolomeu dos Santos.  

Ao ver a cisterna cheia, ele e a esposa, mesmo antes da capacitação, já começaram o cultivo. Eles aproveitaram o canteiro construído e plantaram coentro, cebola, pimentão. Antes da cisterna Bartolomeu, “ia (com um jumento) buscar água ‘num’ caxio. Quando não achava mais água no caxio ia buscar água lá ‘num’ poço cavado manualmente” conta ele. Segundo o agricultor esse trabalho levava de três a quatro horas e já houve casos em que o jumento cansou e não conseguiu completar o trajeto.

Bartolomeu ainda lembra muito bem das dificuldades pelas quais passou, mas já sente a mudança de vida com a implantação da cisterna de produção. “Agora já tá tudo mais fácil: a gente planta, colhe e não vai comprar mais verdura contaminada”, garante ele e ainda prevê uma produção livre de agrotóxicos.

Texto: Álvaro Luiz
Fotos: Anderson Fabiano (construção do canteiro) e Álvaro Luiz (beneficiária exibe produção)

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